Mudanças

Home office conquista trabalhadores e é tendência no mercado

Enquanto para uns o formato remoto é ideal, para outros o ambiente presencial é necessário para socialização e manutenção das rotinas

Foto: Carlos Queiroz - DP - Ambientes compartilhados se tornaram uma saída para quem quer ter contato com outras pessoas mas possui emprego remoto

Uma das principais mudanças aceleradas pelo cenário pandêmico dos últimos anos foi nas relações de trabalho. A transição, para muitos forçada, para o ambiente virtual gerou impactos. Alguns se adaptaram e não veem a opção de voltar à rotina de trânsito, bater ponto e ir ao escritório. Para outros, isso é necessário para socialização e diferenciar o espaço de lazer do lar daquele ambiente profissional, ou por gostar de uma rotina. Foi nessa onda que surgiram os coworkings, locais de espaço compartilhado em que a pessoa pode alugar, por hora, dia ou mês, um ambiente de trabalho.

Para a assistente grafotécnica Caroline Costa, trabalhar de casa era uma opção viável, mas considera melhor utilizar de workspace por ter menos fatores dispersivos. “Eu acho que tenho um desempenho bem melhor”, comenta. Ela diz que, apesar do trânsito, nota a diferença no rendimento.

No mesmo local que ela, Verônica Magnus, advogada e sócia de uma agência de comunicação, aponta que sua função pode ser exercida tanto de casa quanto no escritório, que fica em uma sala específica alugada dentro do workspace. No entanto, aponta que vê o presencial como um ambiente para socializar e criar vínculos dos colegas, deixando as atividades em casa para situações em que precisa se concentrar mais.

Proprietária de um destes espaços para trabalho, Raquel Engel diz que a ideia do empreendimento veio na pandemia, quando adquiriu a casa que costumava alugar e abriu para conhecidos que passaram a alugar salas. Segundo ela, o perfil de quem procura é bastante variado, indo de empresas que alugam salas por achar melhor do que manter escritórios, até profissionais liberais, como advogados, psicólogos e outros que precisam fazer reuniões ou mudar um pouco o ambiente de trabalho.


Caroline avalia que opção presencial a ajuda a manter a concentraçãoFoto: Carlos Queiroz - DP


Um escritório mais barato

Suelen Victória é sócia de uma empresa de cabine fotográfica que passou a atender no coworking por diversos fatores, como localização, apresentação do ambiente, disponibilidade e praticidade, além do fator financeiro. Ela diz que o espaço se torna mais profissional do que recepcionar clientes em casa e mais barato do que manter um escritório próprio com aluguel e outras taxas. “Eu acho que passa muito mais credibilidade atender em um local específico”, analisa.

E quem prefere ficar em casa?

Emmanuelle Schiavon trabalha como motion designer e produtora de vídeos. Com o fechamento da sede de Pelotas da empresa em que trabalha, diz que sente o tempo render mais. “Não preciso me preocupar com tempo de deslocamento, me preparar para sair de casa faça chuva ou faça sol.” O tempo poupado e o conforto de estar em casa são as principais vantagens, segundo ela. Como desvantagem, a falta de convívio com colegas e a demora para formar vínculos. Mas, com o fim da emergência sanitária, a equipe tem realizado atividades fora do ambiente de trabalho. “Inclusive existe essa preocupação que os funcionários interajam”, explica.

Ela não chegou a realizar nenhuma transição, pois foi contratada já no formato home office durante a pandemia. Emmanuelle considera que o estilo ajuda na socialização. “No geral, foi um impacto positivo. Sou uma pessoa tímida e em outros empregos que trabalhei presencialmente eu sempre acabava ficando meio calada nos primeiros dias, já com o home office nossas interações normalmente tinham alguma pauta e isso me ajudou a socializar.”

A adaptação à rotina se deu a partir da criação de hábitos, como a escolha da roupa e trabalhar sempre em um local específico do lar. “Faz com eu sinta que existe a separação do meu trabalho da minha vida pessoal”, analisa, apontando que isso trouxe mais qualidade de vida, com horários para exercícios, organizar a casa e não precisar acordar tão cedo para deslocamento.

Oportunizador de conhecer o mundo
A jornalista Thaisa Valdez recém havia iniciado um emprego na sua área em Rio Grande, sua cidade natal, quando chegou a pandemia. Com a quarentena, foi tudo por água abaixo, já que a empresa não cogitou aderir ao home office e congelou a contratação. Com isso, veio a mudança de área, para o marketing, em que cursava pós-graduação. “Trabalhei como freelancer por um ano, porque foi a forma que encontrei de ganhar dinheiro em casa.” Em 2021, foi contratada por uma empresa com formato 100% remoto. “Poderia dizer que são só flores, mas admito que não é bem assim. As partes mais difíceis do modelo home office são a organização e a gestão de tempo”, analisa, dizendo que há muitos casos de desrespeito de horários, por exemplo.

Nos últimos três anos Thaisa passou a viver uma vida nômade. Alguns meses em Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Buenos Aires, Balneário Camboriú, Fortaleza, Natal, João Pessoa. Nunca por muito tempo, sempre pulando de cidade em cidade. “Agora inclusive penso em ir um pouco mais longe, arriscando algum país da Europa. O desafio vai ser o fuso horário bem diferente.”

Como sempre foi uma pessoa caseira, diz que o formato não afetou muito no psicológico. O que acaba afetando são as relações de trabalho. Ocupando um papel de liderança, ela diz que a falta do “olho no olho” acaba dificultando criar uma conexão, e o contato redobrado acaba sendo necessário para suprir essa questão. “É muito mais fácil saber no ao vivo se seu colaborador não está em um dia bom, se está ansioso ou qualquer coisa do tipo. Em um chat, em uma chamada sem vídeo ou em um e-mail, quase impossível, né?”

Impactos psicológicos
Para a psicóloga Rose Barros, o formato de trabalho ideal varia de pessoa a pessoa. Ela própria também passou a trabalhar mais de forma remota. No entanto, aponta que o isolamento pode levar a quadros de ansiedade e depressão, sendo o home office mais ansiogênico. “As pessoas ficam interagindo menos, já que as interações são focadas no trabalho, e toda aquela convivência paralela desaparece”, analisa.

Por isso, ressalta que é necessário criar hábitos e rotinas sociais, realizar atividades presenciais como ir à academia. “Fazer atividades em grupo, mesmo que só no fim de semana”, sugere. Saber o horário de iniciar e encerrar, sem extrapolar a rotina, é outra dica.

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